PSICANÁLISE: TRANSFERÊNCIA X CONTRATRANSFERÊNCIA

A pesquisa aborda conceitos fundamentais da psicanálise como transferência e contratransferência, que descrevem, respectivamente, a projeção de sentimentos do paciente para o terapeuta e a reação emocional do terapeuta a esses sentimentos, destacando a importância desses fenômenos no processo terapêutico. Também explora mecanismos de defesa como sublimação, a transformação de impulsos inaceitáveis em atividades produtivas, e repressão, o processo inconsciente de afastar desejos e memórias dolorosas da consciência. A distinção entre esses conceitos é exemplificada em situações práticas, ilustrando como influenciam a dinâmica emocional entre paciente e terapeuta.

PSICANÁLISE: TRANSFERÊNCIA X CONTRATRANSFERÊNCIA

 1. Transferência

A transferência é um fenômeno central na psicanálise, introduzido por Freud, em que o paciente transfere sentimentos, desejos e expectativas que originalmente foram dirigidos a figuras importantes do passado (como os pais) para o terapeuta. Esses sentimentos podem ser positivos (afeto, admiração) ou negativos (raiva, desconfiança) e são considerados parte essencial do processo terapêutico, pois ajudam a acessar e trabalhar questões inconscientes.

 

Exemplo concreto: Um paciente que teve um relacionamento conflituoso com o pai pode começar a ver o terapeuta como uma figura autoritária e reagir com hostilidade, mesmo que o terapeuta não tenha agido de forma autoritária. Esse comportamento revela dinâmicas emocionais não resolvidas que podem ser trabalhadas na terapia.

 

 2. Contratransferência

A contratransferência refere-se à resposta emocional do terapeuta aos sentimentos transferidos pelo paciente. Inicialmente, Freud via a contratransferência como um obstáculo, mas depois ela passou a ser considerada uma ferramenta diagnóstica valiosa, permitindo ao terapeuta compreender mais profundamente os sentimentos do paciente.

 

Existem dois tipos principais:

- Contratransferência objetal: Quando os sentimentos do terapeuta são influenciados pelo paciente, mas ainda são distinguíveis da relação terapêutica.

- Contratransferência total: Quando os sentimentos pessoais do terapeuta interferem na relação terapêutica.

 

Exemplo concreto: Um terapeuta que teve uma relação problemática com um membro da família pode perceber que sente irritação ou frustração com um paciente que apresenta comportamentos semelhantes. Ao refletir sobre essa reação, o terapeuta pode distinguir se é uma resposta pessoal ou se é uma pista sobre o que o paciente está expressando.

 

 Outros Conceitos Relacionados:

- Resistência: Quando o paciente inconscientemente evita certos tópicos ou insights na terapia. A resistência está muitas vezes ligada à transferência, pois o paciente pode evitar emoções difíceis associadas a figuras do passado.

- Repetição Compulsiva: O paciente repete padrões emocionais ou comportamentais sem perceber, muitas vezes como uma maneira de tentar dominar ou resolver traumas não elaborados.

 

 3. Sublimação

Sublimação é um mecanismo de defesa no qual impulsos inaceitáveis ou socialmente inadequados são transformados em comportamentos ou atividades socialmente aceitos. Freud considerava a sublimação um dos mecanismos de defesa mais saudáveis, pois permite que a energia psíquica seja direcionada para objetivos produtivos e criativos.

 

Exemplo concreto: Uma pessoa com impulsos agressivos pode canalizar essa energia para esportes de competição, como o boxe ou o futebol, transformando a agressão em algo positivo e aceitável na sociedade.

 

 4. Repressão

A repressão é um dos mecanismos de defesa mais fundamentais, segundo Freud. Refere-se ao processo inconsciente de excluir ou "empurrar" pensamentos, desejos ou memórias indesejáveis para o inconsciente, de modo que a pessoa não tenha consciência deles. Esses conteúdos reprimidos, no entanto, continuam a influenciar o comportamento e as emoções de forma indireta, muitas vezes causando sofrimento psíquico.

 

Exemplo concreto: Uma pessoa que sofreu um trauma na infância pode reprimir as memórias dolorosas associadas a esse evento. Embora ela não se lembre conscientemente do ocorrido, pode desenvolver sintomas de ansiedade ou depressão como resultado desse material reprimido.

 

Outros Conceitos Relacionados:

- Formação Reativa: Um mecanismo de defesa no qual um sentimento ou desejo reprimido é transformado em seu oposto. Por exemplo, uma pessoa que tem sentimentos de ódio por alguém pode agir de forma extremamente amável para mascarar esse ódio.

- Racionalização: A pessoa cria justificativas racionais para comportamentos ou pensamentos que, na realidade, são movidos por motivos inconscientes.

 

 Aplicação e Distinção entre os Conceitos:

 

Vamos imaginar um cenário envolvendo todos esses conceitos:

 

Exemplo clínico: Um paciente que sofreu rejeição na infância de sua mãe desenvolve uma relação transferencial com a terapeuta, vendo-a como uma figura materna. Ele começa a expressar raiva em sessões (transferência negativa) e a terapeuta, por sua vez, percebe que está ficando incomodada com a atitude do paciente (contratransferência). Nesse processo, o paciente pode estar sublimando seus desejos de conexão emocional reprimida ao se dedicar ao trabalho excessivo para receber aprovação. Ao mesmo tempo, ele pode estar reprimindo suas memórias dolorosas da rejeição, o que provoca sentimentos de ansiedade e tensão em suas relações atuais.

 

Esse é um ponto de partida robusto para continuar nosso desenvolvimento de conteúdos em psicanálise.

 

 

Referências Bibliográficas:

- Freud, S. (1912). "A Dinâmica da Transferência". In: Obras Completas.

- Freud, S. (1920). Além do Princípio do Prazer.

- Laplanche, J., & Pontalis, J.-B. (1973). Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.

- Klein, M. (1946). "Notas sobre alguns mecanismos esquizoides". In: Escritos Psicanalíticos.

Qual é a sua reação?

like

dislike

love

funny

angry

sad

wow