PSICANÁLISE: ID, EGO, SUPEREGO E SELF
Id, ego, superego e self são conceitos fundamentais da teoria psicanalítica, desenvolvida por Sigmund Freud e posteriormente ampliada por outros teóricos, como Carl Jung e Donald Winnicott. Vou explicar cada um desses conceitos e exemplificar sua aplicação.

1. Id
O id é a parte mais primitiva da mente, responsável pelos impulsos instintivos, desejos, e necessidades básicas. Freud descreveu o id como regido pelo princípio do prazer, buscando gratificação imediata, sem considerar as consequências ou a realidade externa. É inconsciente e contém as pulsões de vida (Eros) e de morte (Thanatos).
- Exemplo: Uma criança pequena que sente fome chora imediatamente, sem considerar o contexto ou o que os pais estão fazendo. O impulso do id é buscar satisfação rápida do desejo (no caso, comida), sem ponderar outras circunstâncias.
2. Ego
O ego atua como o mediador entre o id, a realidade externa, e o superego. Ele opera sob o princípio da realidade, buscando satisfazer os impulsos do id de maneira aceitável e realista. O ego está em parte no consciente e em parte no inconsciente, e seu papel é equilibrar os desejos instintivos com as exigências do mundo externo e os valores internalizados do superego.
- Exemplo: Um adulto sente fome (impulso do id), mas em vez de pegar a comida de alguém, ele decide esperar até que esteja em casa ou em um restaurante para comer, respeitando as normas sociais. O ego gerencia a espera, tomando decisões racionais.
3. Superego
O superego representa a internalização das normas, regras morais e valores da sociedade e dos pais. Ele age como uma espécie de "consciência", julgando e criticando as ações do ego com base nesses padrões internalizados. O superego é dividido em duas partes: a consciência (que pune com sentimento de culpa) e o ideal do ego (que recompensa com sentimentos de orgulho e realização quando as regras são seguidas).
- Exemplo: Alguém pode desejar cometer uma ação moralmente questionável, como trair seu parceiro, mas o superego o impede, causando sentimento de culpa e vergonha ao considerar essa opção.
4. Self
O conceito de self é mais associado a Carl Jung e a Donald Winnicott do que a Freud diretamente. O self é a totalidade da personalidade, a integração de todos os aspectos conscientes e inconscientes do indivíduo. Em termos junguianos, o self representa a busca pela individuação, ou seja, o processo de integração das várias partes do eu. Winnicott, por outro lado, fala do "self verdadeiro" (a expressão autêntica do indivíduo) e do "self falso" (a máscara social que esconde o verdadeiro eu).
- Exemplo: Uma pessoa que se conhece profundamente, que é capaz de aceitar suas falhas e virtudes, e vive de maneira autêntica, expressa seu self verdadeiro. Já uma pessoa que age apenas para agradar os outros e que esconde seus desejos e necessidades reais vive de acordo com um self falso.
Exemplo Aplicado
Imagine uma situação em que uma pessoa está em uma festa e vê um bolo delicioso:
- O id diria para pegar o bolo imediatamente e comê-lo, porque isso traria prazer instantâneo.
- O superego pode intervir, dizendo que é errado pegar o bolo sem permissão, pois isso seria considerado egoísta ou desrespeitoso.
- O ego então decide equilibrar esses dois extremos: ele pode esperar até que seja apropriado, como quando o bolo for cortado e oferecido aos convidados.
- O self nessa situação seria como a pessoa se percebe nesse contexto: se ela é fiel a quem realmente é (talvez alguém que realmente gosta de compartilhar momentos e também de desfrutar de prazeres, mas de forma equilibrada), ou se ela está agindo de acordo com expectativas externas.
Essa distinção entre id, ego, superego e self ajuda a compreender como diferentes partes da mente interagem e influenciam nossas ações e decisões.
Referências Bibliográficas
- Freud, S. (1923). O Ego e o Id. Imago Editora.
- Winnicott, D. W. (1960). The Theory of the Parent-Infant Relationship. The International Journal of Psychoanalysis.
- Jung, C. G. (1953). Two Essays on Analytical Psychology. Princeton University Press.
- Laplanche, J., & Pontalis, J.-B. (1973). The Language of Psycho-Analysis. W. W. Norton & Company.
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